sábado, 3 de janeiro de 2009

...rumo ao "farol do fim do mundo"...ou, quase la!



Preparativos atrasados, enfim finalizados! Roteiro a não ser seguido, rascunhado, só falta por o pé na estrada!
O Idea espera, todos esperamos!
Até breve.

n.a. "O farol do fim do mundo", Julio Verne.


diário de bordo...

PATAGONIA 2009



PRIMEIRO DIA – Domingo, 4 de janeiro de 2009
Curitiba – Vacaria - Caçapava do Sul
Seguimos pelo interior, BR 116, e virtude das freqüentes chuvas no litoral e constante quedas de barreiras na BR 101. A estrada encontrava-se quase vazia, era domingo e pudemos avançar bem apesar do traçado sinuoso, reflexo do velho projeto da rodovia.
Primeira parada, já em solo catarinense após o Rio Negro, numa pequena lanchonete com queijos artesanais expostos em expositor original, a seco cercado de tela, resultado...queijo quente para os que não tinham tomado café da manhã suficiente.
Mais para frente, após o entroncamento com a BR 470, grande afluxo de veículos provindos do litoral, principalmente Argentinos, causa, barreira na BR 101, os que foram avisados à tempo, desviaram serra acima para retornar em outro ponto, conforme o sentido que seguiam.
Segunda parada junto a um rincão típico gaucho, já no planalto de lajes, grande movimento de turistas, parada rápida. Atravessamos o Rio pelotas entrando em território do rio grande do Sul seguimos para Vacaria onde realizei abastecimento e logo começamos o tortuoso traçado da serra de Caxias do sul.
Seqüência de curvas fechadas, ausência quase total de caminhões, felizmente. A estrada esta ladeada em quase toda a sua extensão por Plátamos de cinqüenta anos ou mais, não me recordava deles nas ultimas passagens por aqui nos longínquos anos oitenta e setenta.
Em meio à descida, propriedades de descendentes de alemães, com seus pequenos comércios e quem diria, confeitarias típicas. Comemos mais alguns petiscos e seguimos serra abaixo rumo a São Leopoldo, Novo Hamburgo e passamos deixando Porto alegre a nossa esquerda.
Ponte do Guaiba, com seu belo cenário, e estuário alagadiço, sempre atraentes. Na estrada para pelotas, mal entramos, pagamos um alto pedágio, e já saímos à direita rumo a Caçapava do Sul, na qual chegamos ao anoitecer, já entre os pampas, tendo deixado para trás os alagadiços marginais da Lagoa dos Patos.
Nos registramos em pequeno Hotel de beira de estrada, logo a entrada da cidade, onde jantamos na Churrascaria Pampa, onde por ser domingo à noite, o famoso churrasco não passava de bife com batatas fritas!





SEGUNDO DIA - Segunda feira, 5 de janeiro de 2009
Caçapava do Sul – Rivera - Gualeguaychu
Após um inexistente café da manhã de hotel de beiral de estrada, abastecemos e seguimos viagem para Santana do Livramento, passando por terras onde se cultivam as uvas para a Linha Almadém, de vinhos nacionais, mas nada mais vimos que campos e estranhas mesetas rochosas junto à fronteira com o Uruguay.
Passamos direto ao chegar para a cidade de Rivera, já em território Uruguaio. Somente uma avenida divide os dois territórios neste ponto, uma rua, dois mundos. Passamos de uma típica cidade de crescimento desordenado do interior brasileiro, para uma antiga cidade, com raros exemplos de “art-deco” dos anos cinqüenta. Cinemas de fachadas rebuscadas pela volumetria, fechados, cafés como nos dias da inauguração, e provavelmente restos de algum glorioso Cassino, o qual não me dei conta.
Tudo numa grande e pouco variada “Free-Shop”, repleta de Whiskys, perfumes e pouquíssimos eletrônicos,mas sem a qual, a nossa jornada não teria ganho um quinto passageiro, ou melhor passageira, Garminzita, como é agora chamada, o nosso GPS Garmin Nuvi 200, que apesar de não ser o ultima modelo, tem nos ajudado e feito a tarefa de servir de culpada cada vez que erramos uma referência ou caminho e grandes elogios quando após exaustivas horas, encontramos umas boas camas para descansar os ossos.
Garminzita, com sua voz feminina, preenche vazios na jornada, quando do nada nos avisa, “a cento e dez quilômetros, siga por “la derecha”, e quando insisto em desprezá-la e encontrar outro caminho, escutamos a repetitiva expressão, a qual entoamos em coro, “ recalculando”.
Voltamos ao lado brasileiro, abasteci pela ultima vez em solo brasileiro, e confirmei a necessidade ou não de regularizar a saída dos passageiros e automóvel, mas em virtude de simplificações burocráticas, tivemos que realizá-las somente do lado Uruguaio, ainda dentro do perímetro urbano, onde um preguiçoso funcionário, interrompido da hora da “siests”, talvez, nos atendeu com uma pressa latino-americana de elogiar-se, não complicou nada, e em minutos estávamos na estrada, acabamos não almoçando na cidade, na esperança de encontrarmos algum parador típico do hermanos., mas nada, que bom que haviam maças e sagadinhos no carro, pois nada encontramos, que estivesse a altura deste que descreve, até chegarmos em solo Argentino.
Assim já dentro de território Uruguaio, atravessamos por terras onde a tempos pastavam rebanhos de corte, onde hoje poucos animais vagam pelas imensa planícies, castigadas pela persistente seca, compartilham os pastos dourados com grandes plantações de oleaginosas e, quebrando a colcha de retalhos, imensas extensões de campos de girassóis, os quais nos acompanhariam pelo próximos três dias.
Confesso que cheguei junto a ponte internacional, a altura de Paysandu no Uruguai e Colón na Argentina, com um nó na barriga, resultado das repetitivas notícias sobre a voracidade da polícia Caminera vizinha, principalmente neste província de Entre Rios. Nada aconteceu que nos aborrecesse, fomos tremendamente bem atendidos, o próprio oficial Argentino preencheu para nos as papeletas da migração. E após pagar o pedágio, cruzamos a ponte sobre o Rio Uruguai. Lindo visual, estando o mesmo em nível de meia estação, linda praias surgiram, e entre o movimento das águas, pescadores de temporada, provavelmente trocavam idéias sobre os locais onde se pescar o melhor pintado do mundo.
Colón, Entre Rios, Argentina, outra grande surpresa. Imaginava uma cidade de fronteira, como Puerto Iguaçu, ou outras assim, mas nada. Grande balneário na moda, quase vip, para os que vivem a mais de mil quilômetros das costas do Atlantico. O rio Uruguai é a praia, hotéis velhos e hospedarias ocupam grande parte da cidade, Preços abusivos, decidimos não ficar no piscinão de Ramos Vip do pessoal do chaco argentino, resolvemos seguir para Concepcion Del Uruguay, poucos quilômetros ao sul, mas, quis o destino que um erro de navegação e uma policia caminera colocada exatamente no retorno, não me fez pensar novamente, seguimos para Gualeguaychú, cidade do maior carnaval Argentino, o qual acontece entre nos dois primeiros dois sábados do ano, perto do “Dia de los Reyes”, com direito a corsódromo e tudo que se espera de uma cidade de primeiro mundo, não o vi. Contam os locais que perto de vinte e cinco mil pessoas desfilaram por ali, meia Gualeguaychú!
Ficamos, após uma rápida procura em simpático hotel central, com arquitetura marcada por umas mil e uma ampliações de diferentes donos que por ali já passaram, jantamos decoradas pizzas em local próximo e em meio a um certo calor, amenizado a noite, já no hotel, por um condicionador de ar novo, no início da quinta reforma do estabelecimento, entre os anos setenta ou oitenta, embalando-nos com seu ruído típico de compressor de ultima geração. Isto evidentemente, após carregarmos “Garminzita” com mapas detalhados do território Argentino e Chileno, trazidos no Notebook.





TERCEIRO DIA - Terça feira, 6 de janeiro de 2009
Gualeguaychú – Zarate - Azul
Primeiro café da manhã em solo argentino. Os novatos descobriram o que é “meia-lua”, a qual aceitaram e gostaram, teriam que gostar, afinal os próximos trinta dias as mesmas fariam parte do ritual matutino, acompanhadas de café, té, ou leche! Saímos em busca de casas de cambio, para ter um pouco em espécie, fizemos a troca numa imobiliária, pois os bancos estavam um pouco cheios e não quis perder tempo com filas.
Tomamos estrada e saímos em direção a Zarate, cidade industrial próxima a desembocadura do Rio Paraná com a parte larga do estuário, também denominada Rio da Prata. Descendo a Ruta 14 a cada aviso de polícia caminera, fiquei ancioso e com receio, pela famosa fama dos policiais locais de exigirem mais do que a lei pede aos estrangeiros. Mas nada aconteceu, ninguém nos parou neste primeiro dia, apesar de passarmos sempre a “passo de l’hombre”, em cada posto de controle que encontramos.
A ponte de Zarate sobre o rio Paraná esta construída em concreto com sustentação por cabos, tipo pencil, muito comprida e alta, permitindo a passagem de barcos de carga que ainda navegam rumo ao Rio Paraguay.
Resolvemos, como já havia previsto, não passar por Buenos Aires, mas sendo necessário contorná-la, programamos a Garminzita direto para a cidade de Azul, destino final do dia, pelo método de “distância mais curta”, o que acabou proporcionando uma seqüência de mudanças de estrada, ora radiais, ora concêntricas, nos permitindo passar ao largo da capital federal, sem ao menos vê-la, tangenciando Lujan, seguimos em frente já chegando na Ruta 3, que nos acompanharia até o sul. Só nos perdemos em um único momento, um desvio de uma avenida de mão única que duvidamos da solução da Garminzita, mas a própria acabou nos corrigindo.
Na Ruta 3, acabamos encontrando os primeiros postos da YPF com instalações completas, os quais acabaram sendo referência para o resto da viagem em solo argentino. Todos os que tem junto à bandeira, o símbolo do ACA, Automóvel Clube Argentino, ou o selo do ISO 9002, tem excelente estrutura em sanitários, serviços de combustível e lanchonetes completas com calefação, ar-condicionado e higiene beirando a perfeição na maioria das vezes. Note-se que estas estruturas existem somente próximo as cidades ou em cruzamentos, mantidas por ínfima equipe de funcionários, os quais dão plena condição de uso desde que respeitemos a ordem de cada um, ou seja, nada de ficar interrompendo o atendimento do que esta na sua frente só para perguntar o “preço da água mineral”! Almoçamos hambúrgueres num destes.
Aqui na Ruta 3, descobrimos também, o que acima de Zarate não foi tão evidente, que faz-se necessário abastecer-se e ao carro do que for necessário nestas localidades, não interessando o quão distantes elas venham a estar mais para frente, pois auxílio somente ali, nada no meio do caminho a não ser os rádio-telefones de socorro mantidos a cada 10 km, não importando se a estrada é ou não via dupla, simples ou pavimentada. Por sinal chegamos quase até azul por via dupla, apesar do mínimo movimento, e quando passou a ser simples, de ótima pavimentação e sinalização.
A paisagem pela região é essencialmente plana, ainda ocupada em sua maioria por pastagens, plantações de trigo e feno, e algumas extensões de cultivo de girassol, poucos silos ao longo do caminho, e simpáticos rolos de feno, dispostos ao longo do campo, esperando ser recolhidos, para quebrar a paisagem. Também quebrando o horizonte avistávamos as sedes das estâncias, que desde estas latitudes até o fim da viagem, com as mesmas características: casas, celeiros, depósitos, caixas d’água e sede, encontram-se reunidas num único lugar, cercados de altas árvores que pareciam ser eucaliptos de forma muito comprida e estreita, alcançando mais de vinte metros de altura, as quais se podem avistar ao longe. Com certeza com a finalidade de quebrar o vento, amenizar o sol de verão e permitir a visualização das mesmas quando proprietários e peões se encontram de serviço no campo, pois afinal é tudo muito plano, sem pontos naturais de referência!
Chegamos a Azul no fim da tarde, com sobra de luz, pois aqui os dias já começam a ser muito longos, chegaremos a ver por do sol pelas vinte e duas horas. Azul é uma cidade simples, com alguns prédios, bem urbanizada com a típica planta xadrez da colonização espanhola e praça central muito ampla, local onde se colocam as estátuas dos heróis locais ou nacionais, espaço para o qual abrem-se prédios públicos e normalmente algum hotel e restaurantes, ale,, é óbvio da presença marcante da religião católica, a catedral local. Ficamos num hotel em rua ainda central, três estrelas, próximo a um ótimo restaurante, o qual tivemos que esperar que abrisse, o que aconteceu por volta das vinte e uma horas. Serviço muito bom e pratos refinados, de poções econômicas mais muito bem elaboradas.
Como a habitação no hotel era composta por dois quartos conjugados, solução bastante comum pelo que percebemos na região, pudemos descansar enquanto os menores assistiam TV.







QUARTO DIA - Quarta feira, 7 de janeiro de 2009
Azul –Bahia Blanca – Viedma
Seguimos pela Ruta 3 com destino a Bahia Blanca onde chegamos para a hora do almoço. A cenário foi o mesmo da tarde anterior, grande planícies ocupadas por criações de gado, plantações de girassol, feno e trigo. Plana em sua maioria e estrada com baixíssimo movimento, mas ainda muito bem cuidada e sinalizada.
Bahia Blanca guarda em sua arquitetura comercial no centro e em volta da praça, o apogeu da época em que era um grande porto para o qual convergiam diversas ferrovias vindas do interior, embarcando uma vasta produção agropecuária. Hoje, cidade de médio porte, abriga estes edifícios muito bem construídos e em sua maioria bem cuidados, repletos de detalhes e uma rua de pedestres bem localizada, já com edificações mais novas, abrigando cafés, restaurantes e centros comerciais, onde almoçamos.
Pensamos em visitar um museu oceanográfico, o qual, apesar do auxilio da Garminzita, não localizamos. Decidimos rumar para Carmem de Patagones e Viedma, o início da Patagônia e destino do dia.
A paisagem logo após o almoço continua a igual. Uma tempestade parece a ser formar no horizonte, mas quando se aproxima um pouco mais, reparamos que se tratava de fortes ventos, levantando colunas de areia e terra, formando pequenos tornados, que atravessavam de vez em quando a estrada, escurecendo parcialmente o céu, sacudindo e lixando o carro.
Começam a aparecer o que chamamos de lagunas secas durante o dia, à beira da estrada, formações circulares ou elípticas sem vegetação alguma, aonde as margens algum gado bovino ou ovino, pastava.
Mais ao fim da tarde, já com o tempo estável e os fortes ventos constantes que nos acompanhariam o resto do caminho, aproveitei para examinar o que eram os estranhos altares erguidos a beira da estrada de quando em quando, que percebemos desde o dia anterior. Trata-se de pequenos oratórios, feitos de pedra, alvenaria, madeira ou lata, sempre pintados de vermelho e com a imagem desenhada do beato “Gauchito Antonio Gil”, nos quais, ao fim da tarde, em todas as partes do interior da Argentina, passantes atam lenços ou flâmulas com pedidos de benção diversos!
Chegamos a Viedma ao fim da tarde, passando por sua cidade vizinha de Carmem de Patagones, uma de cada lado do Rio Negro, passando por uma ponte de estrutura metálica, com a via em comum com a linha ferroviária. Pela e bucólica paisagem com o rio com pequenas praias e alguns banhistas. As duas cidades marcam através da história e geograficamente, o início da ocupação da Patagônia.
Escolhemos um hotel, de novo com quartos combinados, junto a praça central e fomos dar uma volta, conhecendo alguns edifícios mais antigos, em alvenaria de tijolos maciços. Pouca coisa resistiu as sucessivas enchentes que atingiam a cidade de Viedma, esta na margem mais baixa, enquanto Carmem de Patagones abriga ainda uma torre do primeiro forte construído na região.
Visitando o Museu de Antropologia, de arquivo muito restrito, uma entusiasmada guia e estudiosa, nos deu uma aula sobre a vida e a colonização da patagônia, descrevendo os povos Tehuelches na Patagonia lisa e Mapuches na cordilheira, de maneira bastante convincente, com detalhes de economia costumes, hábitos comerciais até a incorporação dos mesmos e quase aniquilação de seus costumes, pelos espanhóis no decorrer dos séculos, todos ouviram a explanação e tiraram suas dúvidas com bastante atenção.
À noite jantamos uma “parrilla” junto a um restaurante por quilo, simples mais de comida boa, ao lado do hotel. O clima continua agradável, não muito quente, mas o ar já seco, na medida do conforto.





QUINTO DIA - Quinta feira, 8 de janeiro de 2009
Viedma –Las Grutas – Trelew
A paisagem começa a se tornar mais desértica a medida que avançamos, a agricultura praticamente desaparece e a pecuária ocupa pastos e pastagens naturais muito marcadas por secas ou clima semi-árido. As estradas ainda apresentam um certo movimento de veranistas, com seus carros cheios de bagagens até o teto, levando a tiracolo carretinhas com o que não coube dentro, material de camping, e as típicas cadeirinhas de alumino e a mesa desdobrável para o “picnic” à beira da estrada, nas margens de algum rio ou lago ou mesmo junto à praia.
Chegamos a Las Grutas perto da hora do almoço. Interessante balneário, bastante freqüentado com edifícios de médio porte. A praia que dá nome ao local, consiste em uma barranca de material arenítico, escavado pelo trabalho da mares, formando pequenas reentrâncias e pequenas grutas propriamente ditas, ao pé destas uma extensa faixa de arenito, plano e nivelado a altura da maré alta, permitiu a escavação de piscinas de vários portes pela prefeitura local para os banhistas, onde a água em repouso atinge temperatura agradável.
Mais ao longe avista-se outra praia de areia normal, sem as formações, muito freqüentada. Indicaram a região como ótima para mergulho e a ultima em que podemos encontrar, indo rumo ao sul, com temperatura do mar própria para banho, disseram que a corrente morna vem dos movimentos de corrente do Atlântico e é proveniente do Brasil.
Em uma rua em que predominavam pequenos armazéns e restaurantes com comida para se levar, como dizem, compramos uma caixa de deliciosas empanadas, outra novidade para os que não conheciam, as quais passaram a fazer parte do nosso cardápio em horas de refeições rápidas. A rotisseria tinha grande movimento, um simpático proprietário e muito limpa.
Seguimos após o almoço para Puerto Madryn, o ultimo balneário rumo ao sul, que assim pode ser chamado. É também ponto base para se visitar a Península Valdez, santuário para a fauna que habita o Atlântico Sul, com seus Golfos Nuevo e San José e Caleta Valdez, todos lugares de águas protegidas, para onde baleias Francas Austrais, leões e ou lobos marinhos, Pingüins de Magalhães e mais uma grande quantidade de espécimes de aves marinhas, vem em busca de abrigo para ter suas crias em segurança.
Chega-se em Puerto Madryn descendo por uma barranca desértica da qual se pode descortinar grande parte do Golfo Nuevo. Por estarmos em plena época de veraneio a cidade encontra-se com a capacidade de hospedagem quase completa e, portanto os preços bastante inflacionados. Após uma prévia decidimos conhecer alguns pontos da cidade e arredores e irmos dormir na cidade mais próxima ao sul, Trelew.
Passamos antes de seguir viagem para visitarmos a Loberia Punta Loma, localizada em pequeno parque ao sul, acabamos não entrando, pois a própria guarda parque deu a entender que para quem vais a Península Valdez, aquela seria uma amostra, que não seria tão atraente, pois haviam poucos animais naquele horário e em todos os parques da Argentina se pagam ingresso, de valores expressivos para nos, os estrangeiros.
Mas o lugar era muito surreal, fomos dar uma volta na Punta Este, ao lado da reserva o que pareciam ser dunas a média distância eram na verdade formações de arenito branco que se debruçam sobre o mar, formando pequenas e médias elevações que servem de pista para se andar de quadriciclo, por sinal, a partir deste ponto, passamos a ver com freqüência pessoas praticando o esporte e ou locais marcados pela prática dos mesmos, mas nós, subimos e descemos a pé, apesar do grande esforço.
Tentamos ajudar uns argentinos a fazer o carro andar empurrando e puxando com o nosso mais nada, somente um desgaste físico que acabou me resultado em uma pequena indisposição à noite.
Seguimos viagem para Trelew, onde chegamos ao início da noite, escolhemos um hotel simples e fomos descansar após andarmos até um restaurante ali pertinho, dez quarteiroões, quase que voltei para tomar mais uma cerveja Quilmes, companheira de todos os jantares ultimamente, após o esforço.








SEXTO DIA - Sexta feira, 9 de janeiro de 2009
Trelew – Península Valdez – Trelew
Levantamos e tomamos o mesmo caminho de chegada do dia anterior para irmos direto a península, não entrando em Puerto Madryn. Após um, longo trecho de asfalto encontramos a bilheteria do parque e mais outros quilômetros adiante um centro de apoio ao turismos, extremamente bem instalado, com museu sobre a fauna e flora, pôsteres, animais empalhados, esqueletos e muito material para leitura, além de um mirante para observar as baleias nos meses de fim de ano e apoio em sanitários, loja de souvenires, etc.
Saímos conforme roteiro conversado com a guia do dia anterior, com a guarda parque em Punta Lomo, com a expectativa de observar a ilha dos pássaros ao entardecer, e ter sorte nas marés para melhor observação dos demais animais. Assim sendo, nos dirigimos primeiramente a Puerto Pirâmide, que vem a ser uma grande loberia sobre formações de arenito junto ao mar.
Presenciamos ali a agitada vida dos haréns de leões e ou lobos marinhos que se sucedem o antes e o depois do parto dos novos membros da comunidade, a menos de vinte metros de distância, gaivotas sobrevoavam, disputando os restos de placenta deixados nas pedras ou areia, enquanto os machos gritavam marcando o domínio. Muitos animais mergulhavam na água em busca de refresco, o dia estava muito quente, ou mesmo em busca da alimentação diária. Muito interessante podermos ficar observando esta população tão selvagem, totalmente absorvida em seu cotidiano secular, que nem parecem se importar com a nossa presença.
Almoçamos os lanches que havíamos preparado, numas raras sombras de arvores próximas ao que se pode chamar de praia de Puerto Pirâmides, pequena vila a uns seis quilômetros da loberia.
Seguimos por rípio por uns oitenta quilômetros para a Punta Norte, onde fomos recepcionados por simpático tatuzinho, que segui a todos em busca de sobras de lanches. Observamos outra loberia neste local, desta vez sobre uma praia de cascalhos, onde que quase organizados ao longo da linha da maré alta, diversos animais descansavam enquanto algumas fêmeas davam a luz os seus filhotes, com novamente gaivotas a espreita, prontas a dividir o espólio placentário dos mamíferos. Esta grande praia de cascalho caracteriza-se também por ter continuidade em bancos de arenito e formações de rochosas planas, que se mostram, quando da maré baixa, deixando a vista, uma rica cobertura de algas ao sol, quase como um campo semi-submerso, onde alguns animais se deslocavam em busca do mar. Sem dúvida um belo contraste com o seco das praias áridas, e planície desértica que formam toda a região. Passamos por uma grande salina na estrada que nos levou a Punta e no mapa aparece outra que consta como estando a trinta metros abaixo do nível do mar.
Seguindo ao sul a partir da Punta, logo encontramos a Caleta Valdez, formando um vasto abrigo natural de águas calmas com uns trinta quilômetros de extensão, paralelo ao Atlântico, onde avistamos Lobos e elefantes marinhos em pequenos grupos e simpáticos pingüins caminhando ao longe, pela estreita passagem de terra que a separa do mar, e cruzando a Caleta para buscar abrigo nos paredões erodidos junto à estrada, local em que paramos para observá-los melhor.
Os pingüins, suas tocas e seus filhotes, ficavam muito próximos a nós, estando nós observadores, limitados, por um pequena cerca de arame, deixando as aves a menos de meio metro de nossos pés. Muito indescritível este contacto e sensação, além dos mesmos nos tratar com a mesma curiosidade que nós os olhávamos, até certo ponto poderíamos dizer que vinham ao local para chocar e criar seus filhotes e também para ver os humanos.
Os filhotes, já saídos do ovo por volta de fins de novembro e início de dezembro, encontram-se do mesmo tamanho que os pais, ou quase, em janeiro, carregam ainda uma vasta pelugem negra macia, e permanecem parados junto aos ninhos, na espera da alimentação dos pais, que as buscam nas águas próximas e trazem-nas na boca para os berrões. Em Valdez podem-se avistar pingüins em vários pontos, mas principalmente junto a Caleta, também nesta região, muitos elefantes marinhos, de movimentos mínimos em face da grande massa de gordura que carregam, descansavam sobre as praias de cascalho, somente se deslocando para dentro ou para fora do mar auxiliados pelos refluxos das ondas, de quando em quando, disputavam algum ponto em desacordo através de grande gritaria, e lentas duas ou três flexões para logo mais baixarem o corpo junto a areia, permanecendo lado a lado.
Apesar da enorme extensão, ao total do dia, a volta completa sem contar o percurso de ida e volta a Trelew, chegou a uns trezentos quilômetros, a reserva da Península Valdez permanece com as estradas não pavimentadas, onde tivemos pela primeira vez o contacto com o “Rípio”, estrada normalmente plana com consolidação em pedras redondas, de grande largura de pista, totalmente sinalizadas e bem mantidas. Possibilitam os tráfegos adequados de carros leves e pesados em todas as estações do ano, até mesmo com neve e gelo em períodos de inverno nas regiões em que ocorrem, nas regiões mais ao sul ou em altitudes elevadas.
Visitamos já ao entardecer como previsto, próxima a entrada do parque dentro do Golfo san José, a Ilha dos pássaros. Trata-se de uma pequena ilha a uns duzentos metros da praia, que se tornou um santuário protegido, onde centena de milhares de pássaros procura refúgio para procriar e descansar nas migrações anuais. Divisa-se ao longe quase como um “formigueiro marinho”, o qual se pode observar por lunetas junto a um mirante ou no museu didático ao lado. Agitados e inquietos, os pássaros estão de retorno aos ninhos ao entardecer, acompanhado de gritos dos mais variados, enquanto em primeiro plano, bem próximo a praia,bandos de quatro a cinco flamingos dão uma aula de como sem voa em formação! Observamos o quanto a lua permitiu e tomamos estrada ruma ao sul, para Trelew, onde fizemos acampamento, tomando o cuidado junto a estrada, para não atropelar os simpáticos e ariscos guanacos que preencheram de quando em quando a paisagem durante todo o dia, mas que nestas horas de sol mais fraco, se aproximam muito da estrada ou, literalmente saem da toca!








SÉTIMO DIA - Sábado, 10 de janeiro de 2009
Trelew – Punta Tombo – Caleta Olívia
Saímos com destino a Punta Tombo pela Ruta 3 pela manhã, a qual se alcança através de uma estrada provincial a uns setenta quilômetros ao sul de Trelew, com início em asfalto e o trecho final em rípio. Punta Tombo é considerada uma das maiores pinguineras fora do continente Antártico, abrigando no auge da temporada de verão, quando as aves vêem para chocar e ter seus filhotes, aproximadamente cento e cinqüenta mil aves, da espécie Pingüim de Magalhães, a mesma de Península Valdez, e outra conhecidas mais ao sul, de onde têm origem, nas ilhas e praias do estreito de Magalhães e seus arquipélagos.
A reserva é um parque nacional protegido, estudado e monitorado por pessoal especializado, no qual se caminha por “senderos” sinalizados por pedrinhas enfileiradas e em alguns trechos passarelas em madeira, tipo “deck”, por onde as aves podem passar por baixo sem ser incomodadas. Na prática elas andam por tudo na sua rotina diária de ir e voltar dos ninhos ao mar em busca de alimentos, para o qual se dirigem de bico aberto e voltam com o produto da pesca, de bico fechado para repartir com o filhote no ninho, que nada mais são que tocas escavadas na areia e cascalho, ao pé de pequenos espinheiros ou no terreno vazio,.
Logo que começamos a andar começam a aparecer um ou outro pingüim entre os espinheiros e tocas, parece estranho, pois estamos em pleno verão, a uns trinta graus positivos no sol, e nos vem àquela imagem clássica de pingüins na Antártica, rodeados de gelo por todos os lados com o vento gelado os atingindo. Aqui podemos andar pelos caminhos, desde que não atrapalhemos os vai e vêm das aves inquietas com seu traje de gala e porte inglês, indo e vindo em direção da praia, parando de quando em quando para nos observar ou ao seu semelhante. São realmente milhares, mas espalhados por uma grande extensão nas pequenas formações onduladas de cascalho ao longo da praia, onde nos pontos mais baixos, nos quais as chuvas de inverno depositaram material fértil, cresce uma verde relva onde guanacos pastam, numa perfeita sintonia com seus vizinhos em preto e branco.
Quando nos locais de maior passagem pelos caminhos, construíram passarelas suspensas em madeira, talvez os técnicos não tenham pensado que também serviriam de sombra aos animais em suas passagens. Sob as mesmas, sempre encontramos algumas dezenas deles descansando. Caminhamos até o ponto, uns dois quilômetros do início, onde de uma formação rochosa, se pode observar por cima o ponto de maior confluência de acesso ao mar, local em que a concentração maior, gera uma certa algazarra.
Por toda a extensão do passeio, encontramos turistas de todo o mundo com suas potentes máquinas fotográficas em busca de uma recordação inusitada deste ambiente. Reina na reserva uma harmonia muito equilibrada, pois sente-se que realmente estamos ali, observando e sendo observados, a forma “humanóide” destes animais intriga à todos!
Após a visita seguimos em direção a Comodoro Rivadavia, em plena região petrolífera da Argentina. Quando nos aproximamos da região, começam a aparecer de quando em quando as conhecidas siluetas das bombas, próximas à estrada e ao longe no horizonte, de quando em quando, ocupando partes planas baixas de terreno e eventualmente alguns platôs elevados. A cidade em si, nada agrada, em busca de oportunidades parte da população migrou para lá, inflacionando o mercado, e promovendo um crescimento desorganizado do antigo porto a beira das barrancas de arenito sobre o Atlântico Sul, onde um simples Hostel, pode atingir os preços de um hotel de padrão em outras localidades.
Seguimos para Caleta Olivia, uns setenta quilômetros ao sul, onde encontramos melhores acomodações, um hotel recém inaugurado, Patagonia Sur, a preço compatível e jantamos uma pizza bem elaborada na pizzaria mais movimentada da cidade.












OITAVO DIA - Domingo, 11 de janeiro de 2009
Caleta Olívia – Bosques petrificados – Comandante Luis Pedrabuena
Sempre pela Ruta 3, continuamos nossa jornada ao sul contornando a Caleta Olivia propriamente dita, que vem a ser uma pequena baia de forma retangular, onde situa-se um porto e terminais, ainda para armazenamento e embarque de petróleo, região produtora em que nos encontramos desde as proximidades de Comodoro Rivadavia. A não ser pela diversidades de cores das camadas geológicas aparentes nas paredes erudidas das barrancas que hora subimos ou descemos nas formações em vale, a região não nos trouxe grandes novidades até sairmos da Ruta 3, para o interior, por rípio, em direção ao monumento Nacional dos Bosques Petrificados.
A estrada transversal à Ruta 3, rumo a Oeste apresenta-se em boas condições, mas em rípio formado por pedras de maior diâmetro do que encontramos em Valdez, chegando por muitas vezes a pegar no assoalho do carro. De traçado sinuoso em virtude da topografia quebrada da região, a estrada em si já vale a viagem. Cada vez mais desértica, encontramos formações cada vez mais surrealistas, com elevações de cascalho de ocre a rosados, com os topos formados por basalto fragmentado, tem-se a visão de anos de trabalho de erosão eólica por todos os lados, e nas partes baixas, diversas laguna secas, de uma planicidade contrastante, por onde rebanhos de animais pastam em busca do que sobrou da umidade de inverno na região.
Adentramos o parque que protege os Bosques Petrificados avistando ao longe os escombros do vulcão La Madre y La Hija. Saimos do carro em frente à Administração e museu do Parque, e pudemos sentir ainda, a força do vento que esculpiu toda a região, constante e intenso, seco, suga os objetos do interior do veículo. Uma guia estagiaria, nos da uma explanação sobre a formação geológica, flora e fauna da região, datada de mais de 150 milhões de anos, a floresta fora encoberta por movimentos sísmicos, e descoberta pela ação dos ventos até os dias de hoje, troncos de coníferas com cerca de 2 metros de diâmetro e mais de 30 metros de altura, permanecem petrificadas junto ao solo, como se acabassem de ter sido cortadas. Pinhas e lascas de madeira cristalizada permanecem ao solo, algumas expostas no pequeno museo, serradas ao meio, para melhor visualização.
Um forte vento Patagônico nos empurra, e um odor estranho, mas fraco, de difícil reconhecimento vem com ele. Caminhamos pela região demarcada por cerca de uma hora, depois visitamos o museo com amostras de pedras, cartazes explicativos e peles e animais preservados por taxidermia, e um painel com um Timeline da região.
O local não oferece nenhum apoio de alimentação, fizemos um lanche com o que havíamos levado e tomamos caminho de retorno, aproximadamente 50 quilômetros, para a Ruta 3, desde a qual, continuamos nossa jornada ao sul.
A cada quilometro, cada vez mais a região se torna muito pouco movimentada, poucas estâncias de tamanhos provavelmente megafundiários, a ponto de constarem nos mapas como referência para localização.
Seguimos com destino a Puerto San Julian, junto a Bahia de mesmo nome, local onde Fernão de Magalhães, desterrou e enterrou os amotinados quando da expedição que desbravou e localizou o estreito que leva seu nome.

NONO DIA - Segunda Feira, 12 de Janeiro de 2009
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VIGÉSIMO NONO DIA - Domingo, 01 de Fevereiro de 2009




















































(Algum dia postarei o restante do diário de bordo...)

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